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Quem já não sentiu aquele vazio imenso que dói no peito, que dói na alma?
Nunca gostei de rotular sentimentos, sensações ou emoções. Gosto de defini-las. Acredito que o rótulo faz com que tenhamos apenas um caminho.
Você poderá se identificar, tentar encontrar nomes para definir, como depressão ou algum transtorno que podemos encontrar no DSM (Manual de Transtornos Mentais). Mas eu insisto em acreditar acreditar que rotular é limitar o acesso à solução, que pode ser encontrada de diversas outras maneiras.
Este vazio me acompanhou por anos. Parecia que faltava algo, que eu não estava vivendo da forma como deveria viver. Mas eu não sabia nem como queria viver. Me faltavam sonhos, objetivos. Me faltava uma enorme vontade de viver a vida.
Mas mesmo assim, eu nunca pensei em tirá-la. Apenas acordava, colocava no piloto automático e seguia. Sem sequer planejar meu dia, sem expectativas ou grandes emoções.
Aquele vazio estava cheio de perguntas sem respostas.
Quem estava perto não conseguia entender. E o julgamento vinha, sem piedade. Seco, daquele que te joga no asfalto sem roupa. Doía, me envergonhava. E isso me tirava qualquer início de força que eu poderia ter para sair daquele vazio, criando um vazio ainda maior. Cada vez eu me via mais à mercê dos acontecimentos, sem atitude, apavorada.
E antes que julguem, as pessoas que têm "um buraco na alma" (vamos chamar assim), não são fracas, isso não é frescura e nem "coisa de madame", como diziam antigamente.
Isso não é "qualquer coisa", é coisa séria. Acontece com mulheres, com homens, com ricos, pobres, pessoas com ou sem emprego, com vidas cheias de tarefas e com vidas vazias.
Cada livro de auto-ajuda que eu lia, cada casa espiritual que eu frequentava, só fazia aumentar aquele buraco. E eu cada vez mais culpada por me sentir assim. Eu percebia que tinha o conhecimento necessário para seguir um outro caminho, mas me encontrava paralisada. Completamente sem força e sem ação. Quanto mais eu me preocupava em sair do buraco, mais eu me enfiava nele.
Foi então que, em um determinado momento da minha vida, o buraco começou a diminuir. E comecei a vivenciar algumas coisas que antes eu achava bonito ler em livros ou nas redes sociais, mas parecia muito distante da minha realidade.
Vou chamar isso de Força. Descobri que a força que havia em mim estava adormecida. Descobri que tem hora pra tudo acontecer na vida, inclusive para sairmos do buraco. Que não há o que fazer senão FAZER. Que tudo o que tinha lido nos livros, aprendido com os cursos, toda a minha experiência espiritual e de vida, faziam sim muito sentido. Descobri que quando a gente levanta o braço pedindo socorro pra não se afogar, as pessoas vão até um ponto, o que chamo ponto de segurança. E que todos estes pontos de segurança fazem diferença, mas não são definitivos para que o buraco encolha.
E esta força veio justamente quando resolvi colocar um pé pra fora do buraco. Se eu não me responsabilizasse por fechar o buraco que abri, ninguém mais o faria.
Se você está passando por isso ou conhece alguém, leia com atenção esta dica, que para mim, é valiosa e determinante para fechar de vez o buraco na alma:
Quando estamos com um buraco na alma, não estamos 100% neste estado. Há momentos em que você se encontra mais energizada, como ocorria comigo. São estes os momentos de FORÇA.
Neste momento, dê um passo pra fora do buraco. Faça o que precisa ser feito, mesmo que seja um pequeno passo. E jure não mais voltar atrás. Pode até continuar onde está, mas não volte. Se existirem recaídas, não encare como se tivesse que fazer o mesmo esforço de antes. Você já avançou uma vez, lembra? Então já conhece o caminho. E se você já conhece, ele está mais fácil de alcançar.
Dado o primeiro passo, aproveite os próximos momentos do fluxo de energia e dê mais alguns. É como se estes momentos te impulsionassem para o próximo passo.
E continue assim. Comemore cada passo vencido, feche o buraco e enterre. Você não vai mais voltar pra lá. Lembre que é você quem tem a chave para abri-lo novamente. De preferência, jogue a chave e vá ser feliz!
Beijo no coração!
Cintia Suplicy Fonte: reescrevase