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Por que choramos?

Alice Follmann


Quando nascemos a primeira coisa que fizemos para nos comunicar é chorar, e é através do choro que nos comunicamos “dizendo que está tudo bem”, se não choramos ao nascer o médico dá uma tapa na bundinha para fazer chorar para que ele perceba que está tudo bem.


Os bebes dependem do choro para que suas necessidades emocionais e físicas sejam atendidas. E eles sabem se comunicar de uma forma extraordinária através do choro, fazendo com que as mães percebam quais as necessidades a serem supridas, se é fome, dor de ouvido, dor de barriga, carência ou se estão molhados.



Mas porque os adultos choram se podem se comunicar de outras formas?


Os adultos choram para expressar através das lágrimas algum sentimento. Sendo que o choro surgiu antes da linguagem falada, como uma expressão mímica para comunicar dor.


O homo sapiens precisava escolher uma nova expressão no rosto para dizer ao outro que sentia dor. As lágrimas foram a melhor escolha. Porém depende da cultura, da época e do sexo de quem derrama as lagrimas.


O que nos faz chorar? Lágrimas de emoção enchem nossos olhos por diversos motivos. Por exemplo, a briga com o namorado (a), ou determinada música no rádio, filme, um livro, ver alguém chorando (não importa o motivo) chora também. Choramos por tristeza, frustrações, dor física, fraqueza e emocional. Por outro lado, também choramos quando sentimos felicidades. Saudade, alívio, alegria, realização, vitórias, atos heróicos, bom humor. A choradeira de horas a fio tem a ver com sentimento de perda e de despedida.


Os homens também choram. No passado por erros de educação, o sexo masculino foi reprimido e educado para não chorar, “dizendo que homem não chora”. Homem chora sim é um ser humano.


Segundo estudos, Murube, diz que se chora mais às sextas-feiras e aos sábados, porque são os dias em que as relações interpessoais se intensificam. A choradeira também é mais comum à noite, quando as pessoas saem do trabalho, encontram a família, veem os namorados e mergulham em sua vida pessoal. Os choros emocionais podem ser identificadas, em linhas gerais, como “pedidos de ajuda” (dor física, medo, raiva, humilhação, solidão, tristeza) ou como “oferecimentos de ajuda” (solidariedade, entrega religiosa, amor passional, amor humanitário, lembranças sentimentais, alegria). “O choro de pedido de ajuda pode ter surgido entre os seres humanos há uns 50 000 anos, simultaneamente ao aparecimento da linguagem falada e à necessidade de expressar conceitos abstratos”, diz Murube. Milênio mais tarde apareceu o choro de doação de ajuda, que requeria estados psíquicos mais evoluídos e, sobretudo, empatia no desejo mental e emocional de se colocar no lugar do outro.


“As lágrimas são um poderoso instrumento de comunicação com os demais”, afirma Murube. “Mesmo quando chora sozinho, você quer dizer alguma coisa: sua necessidade de atenção ou sua disponibilidade para partilhar.” Do choro do recém-nascido ao pranto no leito de morte, as lágrimas funcionam como palavras, que podem ser sinceras ou estratégicas, copiosas ou escassas. As pessoas que reprimem o próprio choro perdem um importante canal de diálogo.

Diz o Etnólogo César Ades, da Universidade de São Paulo. O choro também permite que sejam criados laços de apego entre o bebê e seus protetores. Conforme cresce, a criança percebe que, com as lágrimas, pode controlar determinadas situações, ter os pais mais próximos, por exemplo, ou ganhar uma atenção especial.


“As emoções estão intimamente relacionadas a um contexto cultural”, diz o antropólogo Guillermo Ruben, da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo. “O ser humano é culturalmente treinado para deixar que os sentimentos aflorem, diante dos outros, em momentos considerados apropriados para isso.” Chorar em velórios, por exemplo, não só é aceitável como também desejável.


Mas, em boa parte da cultura ocidental, o choro ganhou conotação feminina. Virou “Coisa de mulher”. “E o homem para ser homem não pode chorar se chorar perde a masculinidade”. “Macho não Chora”, Coisa que não é verdade é natural do ser humano chorar, e não tem nada de errado nisso.


Estudar as diferentes culturas e suas manifestações é a melhor maneira de compreender o que significa chorar. As razões, os momentos, as situações por que as pessoas choram varia e muda muito e é bem complexa.


A partir de textos históricos e literários, estudiosos identificam diversos tipos de choros emocionais, de acordo com o significado que assumem em determinados momentos. Existem os choros de heroísmo e de consideração. Há muito tempo os choros têm sido associadas à santidade. Existe também a relação de penitência, em que o choro funciona como meio de redenção. Os evangelhos contam a história da mulher pecadora que lavou os pés de Jesus Cristo com suas lágrimas. Em outro momento, falam do arrependimento de Pedro, que negou três vezes conhecer Cristo e, depois disso, chorou amargamente, rompendo em soluços.


Existe também o choro de frustração, como as lágrimas coletivas dos milhares de pessoas quando o Airton Zena morreu. Em competições, como os jogos olímpicos ou o campeonato mundial de futebol, o choro ganha diferentes significados. A busca por resultados e pela superação de limites, a pressão exercida pelas equipes e as emoções extremadas inevitavelmente levam ao choro. Existem os choros de tristeza diante da impossibilidade da vitória. Há as lágrimas de alegria, depois de uma conquista difícil, e de alívio, quando os resultados esperados são atingidos.


Estímulos para chorar não faltam. Até em palco os artistas usam o choro para emocionar o público. Os filmes usam técnicas para provocar choro em quem os assiste, e tem os que vão ver um filme com o intuito de chorar.


Portanto, que sejam bem vindas às lágrimas. Da próxima vez que sentir emoções fortes, abra as comportas sem culpa e deixa jorrar tudo o que tiver que sair para fora.

Mas, afinal, chorar faz bem? “Certamente faz”, diz o psicólogo transpessoal Roberto Ziemer, de São Paulo. “Diversos problemas psicossomáticos e também episódios de depressão têm sua origem na repressão do choro. As lágrimas ajudam a pessoa não só a expressar suas necessidades, mas também a preenchê-las.” Chorar funciona como uma descarga física e emocional. O filósofo romano Sêneca já tinha escrito: “As lágrimas aliviam a alma”. E um antigo provérbio hindu afirma que chorar faz bem para a aparência (depois que o inchaço dos olhos passar, obviamente). Ou seja, chorar traz benefícios para o corpo, para a alma e para o humor. Pesquisas calculam que 85% das mulheres e 73% dos homens se sentem melhor depois de chorar.


Quer dizer podemos chorar sem medo, sem culpa e sem sentir vergonha, afinal faz muito bem e é uma necessidade fisiológica.

Assista: Por que as pessoas choram?

Você tem alguma situação relacionada ao tema desta materia para dividir conosco?

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